mardi 22 novembre 2011

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Existem pequenos amores que eu requento, que eu adiciono um pouco de alho e cebola e refogo demoradamente, para poder dar um pouco mais de gosto. Não me orgulho disso. Aliás, me envergonho de alguns, porque me fazem sofrer mais do que me dão qualquer tipo de alegria. Ainda assim, muitas vezes peço aos meus deuses que façam com que eu apareça para eles em sonho, que é para eu poder trazê-los um pouco mais perto de mim. Afinal de contas, eu sou aquele tipo de pessoa que poderia perdoar tudo e que, no fundo, gostaria de ter essa oportunidade. Sou emocional and I have a penchant por coisas do gênero, por grandes reuniões, por grandes resoluções de problemas. Ainda assim, sei que essas coisas só acontecem em comédias românticas hollywoodianas. O que tenho mais a fazer, e isso me entristece, é andar pra frente e pensar em novos planos, novas coisas, novas pessoas. Ainda que uma delas vá sempre permanecer, tiranicamente, enfiada em minha alma. E uma outra filha da puta também, só que clandestinamente. Acho que as coisas que não terminam realmente sempre criam esse tipo de trauma, persistência, insistência. Deve ser alguma coisa assim. Pensando assim, pelo menos eu ainda tenho alguma esperança de ser normal. É um pouco reconfortante. 

samedi 12 novembre 2011

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Gubaidulina - Cello Concerto No. 2

dimanche 6 novembre 2011

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Assisti esses dias. Essa é uma das melhores músicas do universo. Ponto.  (A Pele que Habito)

dimanche 30 octobre 2011

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Não fujo. Apenas me ocupo em outras paragens. Às vezes, as coisas tendem a atropelar o meu espírito, então me deixo, atônita, a olhar para os cantos e tentar prover algum sentido a uma realidade tão insólita. Eu ainda espero minha carona, espero ir parar bem ali, naquele lugar que sempre quis. E, por mais que eu não queira, alguns lugares são realmente o Peugeot, e me levam para onde eu desejo estar. Se não só lugares, mas olhares, cheiros, pequenos gestos. Mãos descansando sobre os canos do metrô. Pés embaixo das mesas. Pequenas coisas. E isso sim, isso sim, me faz viva. 

Não ando me preocupando ultimamente com Salomé. Para o diabo com ela. Com ela e com toda aquela corja ordinária. Oh, grande pulha, comedora de cunhadas. Não me vejo mais nessa mesquinharia. O que me importa agora são os meus cartões postais e o meu quadro de cortiça. Também sinto falta das fotos que antes colocava aqui, dos meus ídolos, de minhas pequenas caronas durante o dia. Botei então Oscar Wilde, que é uma pequena salvação.

Sem mais.

samedi 29 octobre 2011

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mardi 18 octobre 2011

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lundi 3 octobre 2011

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Há dias em que eu realmente me torturo e me deixo ficar, largada pelos cantos, com os olhos fundos, profundamente tocada por alguma coisa do passado que, realmente, me foi muito cara e não mais posso tocar. Esses dias de melancolia extrema costumam acabar comigo. É o corpo pedindo, falando, tentando expressar alguma coisa na qual não quero acreditar. E não acredito, simplesmente, porque não há razão nenhuma para tal. Seria como continuar insistindo no absurdo, mas não o absurdo surrealista, simplesmente o absurdo do errado, daquilo tudo que já me fez sofrer por tantas vezes. Ainda assim, o saudosismo nunca realmente me deixa em paz, especialmente nos domingos, dias sempre tão cheios de atividades mundanas, que não colocam nenhum fogo em minha barriga. 

Não posso reclamar. O fogo ainda existe, só que agora é direcionado em outras direções. Ainda assim, ainda assim, eu sinto falta daquelas sensações, com certas pessoas em específico. Acho que não há como fugir disso. As pessoas ficam mais velhas e tudo o que resta é olhar para o passado, para tudo aquilo ao qual renunciamos, suspirar e, quem sabe, sonhar com algum mundo paralelo em que as coisas ainda são possíveis. 

Talvez. Quem sabe um dia?

mardi 20 septembre 2011

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O que fazer quando tudo grita ao meu redor? Fico presa a uma necessidade louca de conhecimento, de entender, de possuir os objetos que me cercam. Fico presa no mundo palpável, enquanto poderia me perder em tudo que ultrapassa o conhecimento. Por que fui nascer tão cartesiana?

samedi 17 septembre 2011

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Eu pensei. Ah, como eu pensei. Eu tentei imaginar as vezes em que conseguiria apunhalar seu coração, pensei, sim. Eu, cuidadosamente, calculei as formas com que destroçaria seu coração, pequeno coração duro e morto, sobre o qual você havia versado e eu nunca acreditado. Imaginei e ponderei, amaldiçoei sua carne, sua alma, amaldiçoei seu presente e seu futuro, seus pensamentos. Eu não tive a menor dúvida e a menor dó, eu devotei a você grande parte de minha força, de meu ódio, de meus pensamentos, durante tanto, tanto tempo. Tanto tempo. Havia algo dentro de mim, um germe que me comia as entranhas, que fazia com que eu simplesmente não conseguisse sair desse círculo vicioso, que eu me mantivesse nessa espiral, fosse ela para onde fosse. 

Mas, de um dia para o outro, passou. Do mesmo jeito que a gente para de amar alguém, acordei e passou. Passou mesmo. 

Durma tranquila. 

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Ana C.

Outra vez nos braços do amor perdido. 
Sempre o declive. 
Sempre a vertigem. 
Ás vezes o abismo. 
Posso inflar 
as velas de outra imagem 
e assim navegar teus canais azulados, 
minha lúcida amiga. 
No céu-da-boca desta manhã 
fica apenas um risco: 
relâmpago longo como o olhar. 
Luz. Outra luz. Louca luz. 
O mesmo anjo que beija tua orelha fina
 invade o cinema como um vento fictício 
e rabisca cicatrizes bem legíveis
no coração deserto do meio-dia.

 - Eudoro Augusto

vendredi 16 septembre 2011

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Passei dias e dias pensando a respeito da vida. Passei dias e dias mergulhada em uma depressão horrível, tentando entender os porquês e os comos, só para me ver ainda mais frustrada do que estava no momento anterior. É que os olhos, na maioria das vezes, não estão acostumados com o incrível e o mágico. Nós precisamos entender a realidade para que possamos nos apossar dela. Para que possa se tornar nossa. Mas não é isso o que desejo, sinceramente. Eu desejo o sonho e desejo o surreal. Eu desejo tudo aquilo que não entendo, tudo que é mágico. Desejo subverter minha própria realidade, desejo Eros, desejo tudo o que me negaram, tudo o que eu me recusava a ver. Desejo tudo isso. E não quero mais ter que me preocupar com regras ou com satisfações. Quero satisfação, a minha, e mais nenhuma. Nada. Nenhuma. Só. 

Estou cansada de fugir dos amigos, de inventar desculpas. Eu quero (e posso) criar minha própria realidade, que será linda e torta, exatamente do jeito que eu quiser que seja. Porque sou deusa de meu próprio mundo e, tendo dado a mim mesma este título, faço a luz quando quiser e tiro uma semana de folga se pensar que é apropriado.

Fiat lux.

jeudi 25 août 2011

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Supermassive Black Hole.

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Ben Howard - The Wolves

samedi 20 août 2011

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Música linda, do comercial da Nikon. Welcome Home - Radical Face

vendredi 19 août 2011

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"De vez em quando a insónia vibra com a nitidez dos sinos, dos cristais. E então, das duas uma: partem-se ou não se partem as cordas tensas da sua harpa insuportável. No segundo caso, o homem que não dorme pensa: "o melhor é voltar-me para o lado esquerdo e assim, deslocando todo o peso do sangue sobre a metade mais gasta do meu corpo, esmagar o coração."


-- Carlos de Oliveira, in Sobre o Lado Esquerdo

dimanche 14 août 2011

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Ainda que você tenha ido parar tão longe de mim, minhas pernas ainda ficam bambas quando você manda sinais de vida. E babo pelo canto da boca. Incessantemente.



vendredi 12 août 2011

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mardi 9 août 2011

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Tudo o que eu sempre quis na vida. Sempre. Oh, Gomez, prenda-me na roda e estique as fibras de meu corpo ao seu bel prazer.

dimanche 7 août 2011

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samedi 6 août 2011

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vendredi 5 août 2011

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Porcas Borboletas - Menos



Holger - She Dances

jeudi 4 août 2011

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Eu olho para algumas fotos e não consigo me segurar. São os pequenos detalhes, como a curva dos pés, a linha das pernas. São realmente coisas muito pequenas, mas que fazem com que eu acabe ficando sem fôlego com a beleza e com a forma com que ela transparece por meio de coisas que eu nunca julgaria ver ou sentir. 

mercredi 3 août 2011

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Fiquei assistindo ao VH1 Clássico por horas ontem. Assim, não pude evitar a sessão remember. Vou aproveitar para postar umas musiquinhas por aqui, além de minhas reminiscências sobre coisas que já me aconteceram. E por que não sobre as que estão me acontecendo agora, me pergunto? Bem, pode ser. Paixão é o que não me falta, os poros explodem de felicidade. Aliás, Salomé, não se preocupe. Vai sobrar para vc também. Ah, vai. Mas... Deixa prá lá. Primeiro, the tunes.



Heaven 17 - Temptation



Tears For Fears - Mad World

mardi 2 août 2011

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Assistindo ao VH1 Classic enquanto trabalho, concluo que postarei mil vídeos das músicas que gosto e que estão rolando no momento. É boa essa sensação de nostalgia, consigo sentir cheiros e gostos e me lembro de antros que frequentava e as imagens me aparecem na cabeça de uma maneira tão clara, que eu realmente poderia narrar noites inteiras, aventuras, de cabo a rabo. Ah, a memória é uma merda.


New Model Army - 51st State


(Olha a cara do Gary Glitter nesse vídeo, pelamordedeus...) Gary Glitter - Rock'n'Roll Part 2


The Verve - Bittersweet Symphony


Happy Mondays - Step On


Spandau Ballet - She Loved Like Diamond


Tears For Fears - Laid So Low


Shakespeare's Sister - Stay

Pronto. Agora o programa acabou e volto a trabalhar.

Câmbio.

Desligo.



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Definitivamente, uma das minhas preferidas do grande Buddy Holly. Peggy Sue.

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A musiquinha do comercial do Creme Nivea. Ingrid Michaelson - You and I 

dimanche 31 juillet 2011

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A luxúria gastronômica realmente me deixa muito mal algumas horas depois. Duas semanas seguidas de comilança desesperada durante um dos dias do final de semana. Explodi. Mexilhões mil. Cordeiro. Paella. Coisas e mais coisas mil. E ainda terminei com bolo da Leo Dolci. Até os olhos doem...

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"Já no prefácio a Richard Wagner é a arte, - e não a moral, - apresentada como atividade essencialmente metafísica do homem; no decurso do livro também se reproduz, por várias vezes, a singular proposição de que a existência do mundo não se pode justificar senão como fenômeno estético. Efetivamente, no fundo de tudo quanto existe, este livro não reconhece senão um pensamento patente ou oculto de artista. O pensamento de um "Deus", se quiserem, mas, nesse caso, um deus puramente artista, absolutamente liberto do que se chama escrúpulo ou moral, para quem a criação ou a destruição, o bem ou o mal, sejam manifestações do seu arbítrio indiferente e da sua onipotência; que se desembarace ao fabricar os mundos, do tormento dsa sua plenitude e da sua plétora, que se liberte do sofrimento dos contrastes acumulados em si próprio. O mundo, a objetivação libertadora de deus, em consumação perpétua e renovada, tal como visão eternamente mutante, eternamente diferente, de quem é portador dos sofrimentos mais atrozes, dos conflitos mais irredutíveis, dos contrastes mais perfeitos, de quem não pode emancipar-se nem libertar-se senão na aparência: eis a metafísica do artista."

-- Friedrich Nietzsche, in A origem da Tragédia

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roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else
you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its
the only good fight
there is.

- Charles Bukowski

samedi 30 juillet 2011

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Já que estou saudosa, vamos lá.


Dire Straits - Romeo and Juliet

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- The Sleeping Dictionary

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Estava ouvindo esta música hoje, na cozinha, enquanto S. tomava uma cerveja e eu uma outra bebidinha. Instantaneamente, senti-me como há uns quinze anos atrás, quando ainda gravava fitas e mandava cartas para W. Em um minuto, consegui me ver na rodoviária, pegando as malas e voltando para casa. E chorei. Não por W., mas porque sabia que ia ter que passar algumas horas em S. E foi tão sincero, que me assustei. Não pelo amor que me molhou os olhos, mas pela sinceridade, pela espontaneidade. Aos poucos a gente cresce e acaba esquecendo que ainda guarda um coração jovem dentro do peito, que ainda é tão suscetível à felicidade.

Rolling Stones - Love in Vain

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Esperança e saudade estão unidas, só o modelo
do intervalo é branco, a emoção vai
deslizando para o cenário. Oh, o que produzem
as palavras em cima dos sonhos
para serem entendidos?

O silêncio de ontem exumado ao lado de barcos
abre fendas no mar. Nossa cabeça é só um ponto
e fica com o horizonte atrás do espanto.
A ausência é sempre alguma coisa
na Ilha quando há náufrago para chegar.

- C. Ronald

vendredi 29 juillet 2011

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Blind Willie McTell

jeudi 28 juillet 2011

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Robert Johnson

mardi 26 juillet 2011

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Palavras de ordem dos últimos dias:

presque vu, jamais vu, déjà vu e déjà entendu. 

Pronto. A vida é menos complicada.

lundi 25 juillet 2011

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Lucian Freud

dimanche 24 juillet 2011

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MILTON: ... Guilt is like a bag of fucking bricks. All you gotta is set it down... Who are you carrying all those bricks for anyway? God? Is that it? God? Well I tell you. Let me give you a little inside information about God. God likes to watch. He's a prankster. Think about it. He gives man instincts. He gives you this extraordinary gift and then what does he do? I swear, for his own amusement, his own private cosmic gag reel he sets the rules in opposition. It's the goof of all time. Look but don't touch. Touch but don't taste. Taste but don't swallow. And while you're jumping on one foot to the next, what is he doing? He's laughing his sick fucking ass off. He's a tightass. He's a sadist. He's an absentee-landlord! Worship that? Never!

LOMAX: Better to reign in hell than to serve in heaven. Is that it?

MILTON: Why not? I'm here on the ground with my nose in it since the whole thing began. I've nurtured every sensation man has been inspired to have. I cared about what he wanted, and I never judged him. Why? Because I never rejected him inspite of all his imperfections...I'm a humanist. Maybe the last humanist. Who, in their right mind, Kevin, could possibly deny the 20th century was entirely mine? All of it, Kevin. All of it. Mine. I'm peaking, Kevin. It's my time now.

~~ The Devil's Advocate 
(Um dos meus filmes favoritos de todos os tempos. Definitivamente...)

jeudi 21 juillet 2011

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Genevieve Naylor, 1946, New York

mardi 19 juillet 2011

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C. ouve Tool na cozinha enquanto bate panelas e copos durante o preparo da janta. Aqui, da sala, enquanto aguardo deitada pela explosão de sabores com que certamente brindará minhas papilas, ouço seus pés tocando carinhosamente o mármore escuro, seus dedos deslizando pelos utensílios, intuo a gota de suor que escorrega sofregamente por sua testa e se deposita em suas sobrancelhas espessas e escuras. Definitivamente, há algo de mágico nos poucos minutos em que me dedico a esta observação cega de seus movimentos. É como todo o seu corpo projetasse uma imagem que se choca contra meu corpo com a violência do vulcão de nome impronunciável. Todo o seu ser é uma força da natureza, que modela e afeta o ambiente ao seu redor de forma devastadora.

O copo de vinho se esvazia e depois é enchido novamente, as notas continuam, as pernas se movem e sua vontade comanda os aparelhos eletrodomésticos. Eu, sozinha, sorrio e penso a respeito de quantas coisas ainda faremos juntos e de outras tantas que gostaria de dizer a ele neste exato momento. 

Fecho os olhos e sinto. Nada mais.

samedi 16 juillet 2011

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Ando meio synthpop ultimamente.

Goodbye Horses - Q Lazarus

vendredi 15 juillet 2011

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jeudi 14 juillet 2011

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Otis Redding sempre terá o poder de arrepiar todos os pelos do meu corpo. Pronto.

Otis Redding - I've been loving you

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Acordei com esta música na cabeça hoje.
Legião Urbana - Quase sem querer

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Há vezes em que não conseguimos evitar as pequenas brigas. Ainda mais quando elas se referem a detalhes tão pequenos, mas que não podemos deixar de notar. Ainda assim, o melhor delas sempre reside na reconciliação, seja com o que for, seja quanto tempo demorar. E nada paga a sensação de me sentir querida. Ponto.

Tantas coisas a dizer. Tão pouco tempo. De repente, no final de semana, quem sabe. 

lundi 11 juillet 2011

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Quatro blusas novas. Yay.

dimanche 10 juillet 2011

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Acordei com esta música na cabeça hoje. Depois de sonhos estranhíssimos. Mas deixa pra lá.
Sai Hi to Your Mom - The Forest Scares The Hell Out of Me

samedi 9 juillet 2011

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Definitivamente, um dos meus filmes preferidos. De todos os tempos. 
Fazia o Mickey na hora, com ou sem a torta de limão. Pegava Mallory também. Quem sabe os dois juntos.
Sweet Jane - Cowboy Junkies

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História passional, Hollywood, Califórnia - Vinicius de Moraes

Preliminarmente, telegrafar-te-ei uma dúzia de rosas
Depois te levarei a comer um shop-suey
Se a tarde também for loura abriremos a capota
Teus cabelos ao vento marcarão oitenta milhas.

Dar-me-ás um beijo com batom marca indelével
E eu pegarei tua coxa rija como a madeira
Sorrirás para mim e eu porei óculos escuros
Ante o brilho de teus dois mil dentes de esmalte.

Mascaremos cada um uma caixa de goma
E iremos ao Chinese cheirando a hortelã-pimenta
A cabeça no meu ombro sonharás duas horas
Enquanto eu me divirto no teu seio de arame.

De novo no automóvel perguntarei se queres
Me dirás que tem tempo e me darás um abraço
Tua fome reclama uma salada mista
Verei teu rosto através do suco de tomate.

Te ajudarei cavalheiro com o abrigo de chinchila
Na saída constatarei tuas nylon 57
Ao andares, algo em ti range em dó sustenido
Pelo andar em que vais sei que queres dançar rumba.

Beberás vinte uísques e ficarás mais terna
Dançando sentirei tuas pernas entre as minhas
Cheirarás levemente a cachorro lavado
Possuis cem rotações de quadris por minuto.

De novo no automóvel perguntarei se queres
Me dirás que hoje não, amanhã tens filmagem
Fazes a cigarreira num clube de má fama
E há uma cena em que vendes um maço a George Raft.

Telegrafar-te-ei então uma orquídea sexuada
No escritório esperarei que tomes sal de frutas
Vem-te um súbito desejo de comida italiana
Mas queres deitar cedo, tens uma dor de cabeça!

À porta de tua casa perguntarei se queres
Me dirás que hoje não, vais ficar dodói mais tarde
De longe acenarás um adeus sutilíssimo
Ao constatares que estou com a bateria gasta.

Dia seguinte esperarei com o rádio do carro aberto
Te chamando mentalmente de galinha e outros nomes
Virás então dizer que tens comida em casa
De avental abrirei latas e enxugarei pratos.

Tua mãe perguntará se há muito que sou casado
Direi que há cinco anos e ela fica calada
Mas como somos moços, precisamos divertir-nos
Sairemos de automóvel para uma volta rápida.

No alto de uma colina perguntar-te-ei se queres
Me dirás que nada feito, estás com uma dor do lado
Nervosos meus cigarros se fumarão sozinhos
E acabo machucando os dedos na tua cinta.

Dia seguinte vens com um suéter elástico
Sapatos mocassim e meia curta vermelha
Te levo pra dançar um ligeiro jitterbug
Teus vinte deixam os meus trinta e pouco cansados.

Na saída te vem um desejo de boliche
Jogas na perfeição, flertando o moço ao lado
Dás o telefone a ele e perguntas se me importo
Finjo que não me importo e dou saída no carro.

Estás louca para tomar uma coca gelada
Debruças-te sobre mim e me mordes o pescoço
Passo de leve a mão no teu joelho ossudo
Perdido de repente numa grande piedade.

Depois pergunto se queres ir ao meu apartamento
Me matas a pergunta com um beijo apaixonado
Dou um soco na perna e aperto o acelerador
Finges-te de assustada e falas que dirijo bem.

Que é daquele perfume que eu te tinha prometido?
Compro o Chanel 5 e acrescento um bilhete gentil
"Hoje vou lhe pagar um jantar de vinte dólares
E se ela não quiser, juro que não me responsabilizo..."

Vens cheirando a lilás e com saltos, meu Deus, tão altos
Que eu fico lá embaixo e com um ar avacalhado
Dás ordens ao garçom de caviar e champanha
Depois arrotas de leve me dizendo I beg your pardon.

No carro distraído deixo a mão na tua perna
Depois vou te levando para o alto de um morro
Em cima tiro o anel, quero casar contigo
Dizes que só acedes depois do meu divórcio.

Balbucio palavras desconexas e esdrúxulas
Quero romper-te a blusa e mastigar-te a cara
Não tens medo nenhum dos meus loucos arroubos
E me destroncas o dedo com um golpe de jiu-jítsu.

Depois tiras da bolsa uma caixa de goma
E mascas furiosamente dizendo barbaridades
Que é que eu penso que és, se não tenho vergonha
De fazer tais propostas a uma moça solteira.

Balbucio uma desculpa e digo que estava pensando…
Falas que eu pense menos e me fazes um agrado
Me pedes um cigarro e riscas o fósforo com a unha
E eu fico boquiaberto diante de tanta habilidade.

Me pedes para te levar a comer uma salada
Mas de súbito me vem uma consciência estranha
Vejo-te como uma cabra pastando sobre mim
E odeio-te de ruminares assim a minha carne.

Então fico possesso, dou-te um murro na cara
Destruo-te a carótida a violentas dentadas
Ordenho-te até o sangue escorrer entre meu dedos
E te possuo assim, morta e desfigurada.

Depois arrependido choro sobre o teu corpo
E te enterro numa vala, minha pobre namorada...
Fujo mas me descobrem por um fio de cabelo
E seis meses depois morro na câmara de gás.

vendredi 8 juillet 2011

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Já estou revoltada por causa do novo layout de publicação do blogger. Como assim trocar todos os botões azuis por laranjas e colocar tudo de uma forma maluca na página? Não gostei, não gostei e não gostei. Gosto do que é confortável, do que posso entender e confiar. Mas... vai entender. Deixa pra lá. Vou ter que acostumar, porque não dá para voltar atrás.

Hoje, enquanto estava no metrô, ouvi uma coisa que fez com que eu tivesse calafrios de prazer. Pois bem.



Carolina Chocolate Drops - Snowden's Jig

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Prince, grande sábio, um dia disse:

Act your age, not your shoe size

e eu dou o maior apoio.

lundi 4 juillet 2011

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Nunca gostei realmente desta música. Hoje em dia, não tenho mais problemas. Tenho uma leve simpatia por Carly Simon, por mais brega que isso possa parecer. A culpa toda é do VH1 Classic, que planta essas lembranças na minha cabeça, inclusive uma do Roy Orbison, que faz com que eu NECESSARIAMENTE tenha que escrever sobre W.
Carly Simon - You're so Vain

dimanche 3 juillet 2011

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A fé, realmente, é um sentimento muito complicado. Ninguém está realmente pronto para isso.

samedi 2 juillet 2011

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Duas músicas das antigas. Da época em que eu ainda perambulava pela Vila Mariana, eu e meus amigos skatistas. Eu ainda assistia ao programa Grito da Rua, coisa tão velha, mas tão velha, que acho que só eu e mais duas pessoas no mundo devemos nos lembrar dele. 

Aliás, comprei hoje uma manta preta e linda para me cobrir na sala enquanto assisto filmes mil. Pena que a vida ainda consegue me pegar na curva e o tempo fica tão escasso. Pena mesmo. 




Difícil de encontrar. Tive que colocar no 4shared. Agent Orange - It's Up to You and Me


TSOL - Flowers by the door

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Aos poucos eu me esqueço das coisas. Muito do que antes fazia com que eu pensasse em fazer sentido se esvai. O que sobra é uma sensação de vazio, mas é um vazio bom, porque me diz que há espaço para coisas novas. E, ultimamente, sou totalmente nova, sou totalmente buracos e abismos, sou crateras e Big Bangs. Há um universo em formação dentro de minha barriga. A fome que tenho é de mundo e de tudo, de todos. Tenho um apetite que não controlo e que rói até mesmo meus ossos. O corpo se expande (em um breve interlúdio que, sei, será substituído por uma contração devastadora). Meus peitos se enchem de leite, para eu alimentar o mundo, para contaminar todas as moléculas com minha necessidade de explosão. 

Cubro as paredes de meu quarto com fotografias de Man Ray e Frida Kahlo. Leio sobre Anaïs Nin e me surpreendo com o tamanho de June, tão pequena e tão devastadora. Paro, petrificada, perante as páginas que falam de Miller, ou daqueles Millers, e desejo, intensamente, aquela mobília e as cores das paredes. Desejo Emilia me preparando jantares nababescos, suflês de se cair o queixo, Hugo com seu pau descomunal e Henry com sua fome de carboidratos e sua falta de escova de dentes. Desejo Sylvia Beach e Titus me mandando para editores que nunca me publicarão. Desejo aulas de dança flamenca, desejo, desejo, desejo. Desejo francês e franceses, francesas, desejo o mundo. Ah, como desejo. 

Sento aqui na sala, olhando para os copos recém-comprados e penso nas grandes reuniões, penso em um mundo para daqui a dois anos e me sinto realizada, assustada, assombrada, como diz Fernando, 

(sic) sei ter o pasmo essencial que tem a criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras

e é esse pasmo que ando carregando comigo. A cada dia um novo passo, uma nova etapa da grande jornada em busca de mim mesma. Os dias de descoberta têm sido incríveis. Sei que terminarão no dia de meus anos, mas também tenho pela certeza que é apenas a primeira etapa da jornada, que há mais a ser feito e mais a ser descoberto.

Volto a estudar, para tentar desemburrecer. Sei que vou me soterrar de matérias por anos, que a vida social diminuirá, que muitas coisas terão que ser postergadas, mas, ainda assim, são coisas que devo terminar. E não me assusto mais. Sei que meu corpo se prepara, sei que a luta será árdua, mas que a pele está endurecida, que a carcaça está plena para sobreviver. Nada pode me derrotar mais. E isso é uma sensação incrível, que me faz invencível e passível de esmagar cabeças e crânios. Khaleesi. É quem sou. Eu e meus dragões.

Ainda me perco, vez por outra (porque a carne é fraca), na vida de outras pessoas que não me interessam. É apenas uma forma de querer espalhar um pouco de charme pelo dia a dia, uma necessidade hedonista de atenção, um certo cabo de guerra de meu ego. Sim, ainda tenho muitas sessões de terapia e muitas coisas a aprender, mas não me nego nem os pequenos prazeres do ódio mais. (Sim, acho que a libertação do corpo está libertando também minha mente, que, aos poucos, se liberta de tanta culpa católica que havia se instalado entre minhas vértebras). Não tenho mais o menor medo de voar, não tenho mais nada. E acho que é exatamente por isso que não temo mais, pois não tenho mais nada a perder. 

E agora é tudo ou nada. Tudo ou nada. 

vendredi 1 juillet 2011

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The Veils - Bloom
She took my hand 
And now there is no other.

jeudi 30 juin 2011

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Space - Begin Again

vendredi 24 juin 2011

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Saudosa para cacete. Liguei a TV e ele apareceu cantando, todo quarentão e barrigudo, e eu mordi meus lábios, olhei para cima e fiquei pensando em tantas coisas que já fiz enquanto ouvia esta música. Ou, no mínimo, em tudo o que imaginei fazer enquanto ouvia esta música. Sei que foi bom. Agora volto para o chá vermelho e para as tais exposições e instalações que tenho que entender para hoje. Ah, a arte. Não sei se sobrevivo.

Simple Minds - Don't you forget about me

mercredi 22 juin 2011

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Em nota muito de rodapé, não gostei do final de Khal Drogo em Game of Thrones. Ainda que tenha gostado muito de ver Khaleesi se enroscando com três dragõezinhos. Fiquei muito frustrada e não sei se sobrevivo para a próxima temporada. Mas tem outras coisas pelo mundo e Khal Drogo vai ficar para sempre pendurado na minha cortiça, me olhando por trás do monitor e me dizendo: "Vem ni mim". Pronto. Fantasia sexual satisfeita.

Une terrible beauté est née

Há dias em que acordo melancólica. Seja pelos olhos de S. sobre meu corpo, seja simplesmente pela forma com que D. se expressa (ou faz com que eu me expresse) a respeito das coisas que vêm da alma. O que sei é que, de uma hora para a outra, por pequenos motivos, acabo perdendo a forma com que eu conseguia acessar a alma das pessoas e os relacionamentos se tornam alienígenas dentro de meu coração. 

O período tem sido muito bom, ainda que de muito sofrimento. A cada nova carta, há alguma coisa a ser descoberta e a forma com que tenho que expressá-la acaba por me fazer sofrer e chorar, de uma forma com que não consigo explicar. É realmente muito difícil ter que olhar para o abismo que me compõe.

jeudi 16 juin 2011

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Ainda não consegui encontrar nada mais irritante do que as propagadas do canal Sony Spin. São veementemente silenciadas a cada vez que aparecem em minha telona. Ponto.

Aliás, ou ter um final de semana livre. Mal posso acreditar. Mas nem vou me demorar nisso, pois quando a gente cospe para cima, acaba sempre caindo na testa. 

samedi 11 juin 2011

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Dos logos do Google, ou doodles, os que mais gostei ultimamente foram o Les Paul, obviously, e


além deste

Dá-lhe Bulgakov.

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Não é todo dia que a gente tem coragem de recusar um jantar no Bixiga. Ainda mais naquela cantina lá, cujo nome me esqueço, mas que tem a lasanha perfeita, a salada absurda e que fica bem do lado do Basilicatta. Gepeto? Sei lá. Não lembro. 

Ossos do ofício.

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Porque a luta livre mexicana é para poucos e não é para os fracos. 

vendredi 10 juin 2011

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Acho que não vou conseguir parar mais hoje. Mas é que, como diria o Rei, são tantas emoções. E eu tinha que postar a musiquinha que fiz lá no Google Les Paul.

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Aliás, acabei de ouvir isso no Lei & Ordem e achei muito válido. E prometo que vou tentar parar de postar por hoje.

You can't grow a conscience.

Falando em postar, outro dia conversei com um colega de trabalho que só falava sobre os póstes de seu site. E eu lá, imaginando postes de luz, todos interconectados com as abobrinhas que ele escreve. E na minha cabeça, sentia dores terríveis enquanto ele repetia o erro, time and time again. E eu afogava a minha vontade de dizer: é pôst, seu burro. Com um o grave e não agudo.

Pronto, fim do mau humor diário.

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Não sou purista. Eu gostei. (Eduardo e Monica - a propaganda)

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Prezada Salomé,

Há muito não lhe escrevo, mas não pense que o carinho (ou a indignação) diminuíram. Ainda te vigio de longe, de leve, nada parecido com o que acontecia antigamente, quando você ainda se materializava nas minhas madrugadas e fazia com que eu me desesperasse até o limite da sanidade mental. Para dizer a verdade, hoje em dia você se tornou muito mais um tópico para conversas bizarras do que qualquer outra coisa. Meus amigos todos sempre perguntam a seu respeito, mas é sempre com aquela curiosidade mórbida, aquele brilho maluco nos olhos que sempre se traduz em meu coração como um simples "eu te disse, eu te disse que a mulher era doida". Ainda assim, sempre conversamos e sempre alimentamos cenários descabidos sobre a sua atual condição, coisa que ninguém conseguiria imaginar e, elogiando o inelogiável, bem surreal. Mas cada um faz as escolhas que quer e não me arrependo das minhas. Aliás, não me arrependo de nada, nem de ter estado com você ou de termos terminado nosso fling da forma com que terminamos. Todo mundo tem o direito de ser bipolar mais cedo ou mais tarde e nós nos exaurimos bem aí. E acho que foi exatamente isto o que acabou salvando a minha vida. Ainda assim, continuo cutucando as feridas, vira e mexe, sempre quando as coisas se acalmam, lá estou eu, com meu grande e belo dedo indicador a cutucar alguma casquinha que já estava mais cicatrizada. É a vida. É assim que as coisas acontecem. Mas tenho encontrado refúgio na literatura, na escrita, na leitura, em música, em amigos, na bebida e em muitas outras coisas que não convém citar aqui, mesmo porque, não quero deixá-la com inveja e acabar invocando sua presença em minha vida novamente. Estamos bem da forma que estamos, fingindo que não nos conhecemos. Eu acho isso tudo muito estranho, mas foi você mesma quem preferiu, então não tenho nenhum controle sobre isso. Essa coisa de escrever coisas pra mim sem dizer meu nome me gela a espinha e me dá um ódio profundo, mas é o que há a ser feito. Eu, pelo menos, me escondo nesse blog e finjo que ninguém no universo existe. Assim, ninguém nunca vai conhecer sua identidade, oh, querida Salomé. Só vão saber que você cortou minha cabeça como na historinha tão popular. 

E assim a vida continua.

Com profunda insatisfação,

Sua,

C.

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Aprendi hoje uma palavra nova. Emmerdement. Meu parco francês não me possibilita vagar pelas ondas mais profundas da língua, mas acho que esta se assenta tão bem em alguns momentos vividos ultimamente. Com algumas pessoas, algumas situações, algumas tantas coisas. Aliás, poderia colocá-la como epíteto formuláico (ha!) para tantas pessoas em minha vida ultimamente. E por que não como um singelo sobrenome? 

Não sei. O que sei é que vou exclamá-la pela casa, para cima e para baixo, para exorcisar demônios e, quem sabe, volte a ter ânimo para estudar francês novamente. 

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Ouvindo Bob Dylan enquanto trabalho, me lembrei disso e quase tive um ataque cardíaco com taquicardias mil.
Pale Blue Eyes - Velvet Underground

jeudi 9 juin 2011

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Algo do qual sempre gostei em Betty (além de todo o resto) é a forma com que sempre arqueia os pés para os lados. E depois dizem que não sou atenta aos detalhes. Ah, mortales.

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Muitas vezes eu me preocupo em saber se esta pessoa ainda pensa em mim. Especificamente esta, ou este, que sempre me vem ao pensamento em meus momentos de desespero. Confesso que dou a ele (ela) uma aura muito maior do que a que deve ter em sua vida diária, em suas atividades corriqueiras. Ainda assim, eu insisto em voltar à sensação de arrebatamento que senti nos momentos em que estive com ele (ela). E, de longe, porque não posso evitar ou desfazer as conjunções de latitudes e longitudes, eu sinto meu corpo tremer, procurando por um fantasma que nem sei se existe mais (ou se alguma vez existiu, ou se fui eu, somente eu, tentando oferecer um status maior a alguma coisa que não havia deixado marca alguma). Eu vago por ruas, cidades, continentes, eu flutuo por ares, cheiros, atmosferas, mas, ainda assim, meu corpo se perde e se desfaz, pois não mais encontra a matéria onírica, aquele talvez eterno e aterrador do "e se", simplesmente porque meu interlocutor(a) se esconde de meus pensamentos e impulsos. 

Ainda que eu teime em prosseguir -- e sempre prossigo -- muitas vezes minha vontade se perde, simplesmente por não conseguir enxergar sentido ou som ou impulso ou correspondência. O que as pessoas não entendem é que eu seria profundamente feliz com uma pequena migalha, qualquer coisa que eu pudesse utilizar para me agarrar durante a noite, um quê de certeza, de concreto, uma âncora que me trouxesse à realidade do sonho, que é a que procuro. Vagar pela realidade crua acaba com meus pés e desfaz minhas asas, me joga num precipício cuja escuridão não consigo desvendar. 

Sempre me senti à margem, à beira desta mudança, deste abandono. Mas sempre preferi pensar e acreditar que ele nunca aconteceria. Que o que tive com (ele) ela, sempre foi eterno, que permaneceria, da mesma maneira com que permanece em minha alma, ainda que eu afogue todas as sensações para continuar sobrevivendo em minha vida que, ainda que muito diferente, não abriria qualquer espaço para a sua existência. Mas esta mudez me enlouquece, me desespera. Onde está, oh amada(o), que não me responde, que finge que não ouve minhas preces ou minhas invocações? Por que ignora esta ligação que (sabe) que temos, esta eterna incógnita, esta interrupção, este hiato? Será que não me ouve mais? 

Será que um dia voltará ou sua vida caiu-lhe sobre a cabeça como avalanche?

Eu ainda acredito nesta esperança incabível, eu ainda acredito na imagem que criei de você. E espero. Sempre. Enquanto choro, claro.

mercredi 8 juin 2011

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You go on walking down the street,
I ain't got no love, I ain't the kind to meet.
But you'll never break, never break, never break, never break
This heart of stone. Oh, no, no, this heart of stone.

mardi 7 juin 2011

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Ui. 

lundi 6 juin 2011

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vai-me mas é buscar uma cerveja, sweety. e não namores com uma miúda que lê, muito menos com uma que escreva. que seja antes gira e bem disposta, leve e ambiciosa: que queira uma casa com quintal, três filhos e uma televisão a cores para verem filmes policiais ao domingo, pés enterrados na areia em agosto e uma ou duas fotografias em paris pelo vosso aniversário. namora com uma rapariga que esteja disposta a andar com uma fotografia tua na carteira, que te dê beijinhos no pescoço quando acordas e que dance - e que dance. que saiba inglês, que arrisque nas ostras, que não vá em implantes. man, as miúdas que lêem têm cabecinhas sobrevalorizadas, barrocas em jeito prafrentex, e mania desde o rouge da unha do pé ao cabelinho que deixam no teu lençol. mania de ficcionar, de querer romance, poesia, aventura no boteco, paixão no supermercado, desamor e quebra-cabeças porque sim, porque sim. miúdas que lêem não suportam rotina e acham sempre que falta qualquer coisa - suspense, acção e sangue. são lindas quando bebem de mais, as miúdas que lêem. ficam iguais às outras.

samedi 4 juin 2011

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Não tenho como evitar. Tem dias em que acordo com ódio no coração. Ódio mesmo, daqueles de querer matar um cidadão. Tudo bem que isso acaba gerando uns efeitos bem fast and furious, o que não deixa de ser bom. Aliás, ótimo. 

Mas, como na propaganda de Nurse Jackie

o estranho encanto de tropeçar na mesma pedra 

acaba me deixando em uma sinuca de bico e sou eu mesma quem causa a minha tormenta e minha dor, afinal de contas, ninguém me obriga a ver e a cavucar. Vejo e cavuco porque... Não sei porquê. Isso, realmente, não consigo precisar. Mas o que posso dizer é que é minha própria culpa, não me eximo disso. É como cutucar afta com a língua. Não dá para evitar. Mas que fico com ódio, fico. 

Quero que morra, filhadaputademerda. Pronto. Aliás, só como um adendo: de morte dolorosa e não inventada ainda. 

jeudi 2 juin 2011

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Esta é, definitivamente, a melhor versão de Stardust. Hoagy Carmichael perfeito. Gosto de saber que é tão, mas tão velha. De repente as coisas seriam mais fáceis. 

Só não gosto muito do ódio que me permeia às vezes. Tipo, hoje. Ódio profundo. Mas é só chegar a noite que passar, afinal de contas, sempre tenho diversão garantida aqui em casa. Seja de uma forma ou de outra.

I just want to make love to you... Oh lá em casa!!!

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Have you heard? It's in the stars,
Next July we collide with Mars!
Well, did you evah?
What a swell party this is!

What a swellegant, elegant party this is!

(Indeed, a swell party, chum. Couldn't be bettah.)

mercredi 1 juin 2011

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Acordei meio punqueroquezinha hoje. Saudade imensa. Vai entender.
Social Distortion - Story of my life

mardi 31 mai 2011

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Khal Drogo, me jogue na parede e me chame de Khaleesi. Quem precisa de Mitchell quando se tem Drogo, Khal Drogo, dos Dothraki. Afe. Não sobraria nada para contar a história. Zero. Pff. Socorro. Nossa.

dimanche 29 mai 2011

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Tem dias em que acordo no cio. Comendo braço de sofá.

vendredi 27 mai 2011

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Aprendi hoje.
Arvo Pärt - Cantus in memory of Benjamin Britten

jeudi 26 mai 2011

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Carrego meus livros como grandes enigmas, como misteriosos convites aos que me rodeiam nos lugares públicos. São pequenas confissões anônimas de minha personalidade, são a esperança de fazer alguém sorrir ao reconhecer a familiaridade do título. Também tento descobrir, clandestina, os hieróglifos gravados nas capas alheias, tentando, às vezes, pegar carona em alguma história fantástica passada ou um desejo futuro. O único problema é que os ecos sempre se silenciam e minhas travessias são sempre solitárias. É realmente muito difícil encontrar algo que não dissonância. 

mercredi 25 mai 2011

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Tenho dentro de mim um universo de possibilidades que desabrocham diante de meus olhos a cada segundo. e meu coração se desmancha de paixão por todos esses com quem me relaciono, seja em que aspecto for. É um eterno descobrir e um eterno me apaixonar, seja por uma forma de piscar os olhos ou por uma forma de suspirar ao se tomar café. Está sempre tudo ali e tudo isso, seja o que for, é o suficiente para me fazer dormir sorrindo e acreditar que tudo é e pode continuar sendo bom. Melhor ainda, que eu mereço tudo isso. Não tenho como escapar.

mardi 24 mai 2011

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Beethoven - Moonlight Sonata - Movimento 1

dimanche 22 mai 2011

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J. me mandou o manuscrito do livro novo. Abro as páginas e me escorro pelas bordas, derretida de amores. É bom viver nessa ilusão, nesse riscar e rabiscar de lápis vermelho, pensando em revisões regadas a Cabernet Sauvignon. Tenho bom gosto, meu bem, seja em homens, mulheres, comidas, bebidas ou perfumes. De resto, só tenho que lembrar da ótima época em Bordeaux. E de mordidas leves nos lóbulos da orelha. J., J., há sempre tanto a falar... 

Com corações nos olhos. 

samedi 21 mai 2011

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Só posso dizer que estou com excesso de curtose cerebral. Ou quem sabe uma grega smile. Ou ainda o retorno do meu investimento na reboletação da inclinação do moneyness está totalmente errado. Alguma coisa assim. 

Mas ainda tenho esperança, afinal de contas, o pulso ainda pulsa. 

vendredi 20 mai 2011

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Francesco Sambo

jeudi 19 mai 2011

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Senhor António:

O senhor nunca há-de ver esta carta, nem eu a hei-de ver segunda vez porque estou tuberculosa, mas eu quero escrever-lhe ainda que o senhor o não saiba, porque se não escrevo abafo.

O senhor não sabe quem eu sou, isto é, sabe mas não sabe a valer. Tem-me visto à janela quando o senhor passa para a oficina e eu olho para si, porque o espero a chegar, e sei a hora que o senhor chega. Deve sempre ter pensado sem importância na corcunda do primeiro andar da casa amarela, mas eu não penso senão em si. Sei que o senhor tem uma amante, que é aquela rapariga loura alta e bonita; eu tenho inveja dela mas não tenho ciúmes de si porque não tenho direito a ter nada, nem mesmo ciúmes. Eu gosto de si porque gosto de si, e tenho pena de não ser outra mulher, com outro corpo e outro feitio, e poder ir à rua e falar consigo ainda que o senhor me não desse razão de nada, mas eu estimava conhecê-lo de falar.

O senhor é tudo quanto me tem valido na minha doença e eu estou-lhe agradecida sem que o senhor o saiba. Eu nunca poderia ter ninguém que gostasse de mim como se gostasse das pessoas que têm o corpo de que se pode gostar, mas eu tenho o direito de gostar sem que gostem de mim, e também tenho o direito de chorar, que não se negue a ninguém.
Eu gostava de morrer depois de lhe falar a primeira vez mas nunca terei coragem nem maneiras de lhe falar. Gostava que o senhor soubesse que eu gostava muito de si, mas tenho medo que se o senhor soubesse não se importasse nada, e eu tenho pena já de saber que isso é absolutamente certo antes de saber qualquer coisa, que eu mesmo não vou procurar saber.

Eu sou corcunda desde a nascença e sempre riram de mim. Dizem que todas as corcundas são más, mas eu nunca quis mal a ninguém. Além disso sou doente, e nunca tive alma, por causa da doença, para ter grandes raivas. Tenho dezanove anos e nunca sei para que é que cheguei a ter tanta idade, e doente, e sem ninguém que tivesse pena de mim a não ser por eu ser corcunda, que é o menos, porque é a alma que me dói, e não o corpo, pois a corcunda não faz dor.
Eu até gostava de saber como é a sua vida com a sua amiga, porque como é uma vida que eu nunca posso ter — e agora menos que nem vida tenho — gostava de saber tudo.

Desculpe escrever-lhe tanto sem o conhecer, mas o senhor não vai ler isso, e mesmo que lesse nem sabia que era consigo e não ligava importância em qualquer caso, mas gostaria que pensasse que é triste ser marreca e viver sempre só à janela, e ter mãe e irmãs que gostam da gente mas sem ninguém que goste de nós, porque tudo isso é natural e é a família, e o que faltava é que nem isso houvesse para uma boneca com os ossos às avessas como eu sou, como eu já ouvi dizer.

Houve um dia que o senhor vinha para a oficina e um gato se pegou à pancada com um cão aqui defronte da janela, e todos estivemos a ver, e o senhor parou, ao pé do Manuel das Barbas, na esquina do barbeiro, e depois olhou para mim, para a janela, e viu-me a rir e riu também para mim, e essa foi a única vez que o senhor esteve a sós comigo, por assim dizer, que isso nunca poderia eu esperar.

Tantas vezes, o senhor não imagina, andei à espera que houvesse outra coisa qualquer na rua quando o senhor passasse e eu pudesse outra vez ver o senhor a ver e talvez olhasse para mim e eu pudesse olhar para si e ver os seus olhos a direito para os meus.

Mas eu não consigo nada do que quero, nasci já assim, e até tenho que estar em cima de um estrado para poder estar à altura da janela. Passo todo o dia a ver ilustrações e revistas de modas que emprestam à minha mãe, e estou sempre a pensar noutra coisa, tanto que quando me perguntam como era aquela saia ou quem é que estava no retrato onde está a Rainha de Inglaterra, eu às vezes me envergonho de não saber, porque estive a ver coisas que não podem ser e que eu não posso deixar que me entrem na cabeça e me dêem alegria para eu depois ainda por cima ter vontade de chorar.

Depois todos me desculpam, e acham que sou tonta, mas não me julgam parva, porque ninguém julga isso, e eu chego a não ter pena da desculpa, porque assim não tenho que explicar porque é que estive distraída.
Ainda me lembro daquele dia que o senhor passou aqui ao Domingo com o fato azul claro. Não era azul claro, mas era uma sarja muito clara para o azul escuro que costuma ser. O senhor ia que parecia o próprio dia que estava lindo e eu nunca tive tanta inveja de toda a gente como nesse dia. Mas não tive inveja da sua amiga, a não ser que o senhor não fosse ter com ela mas com outra qualquer, porque eu não pensei senão em si, e foi por isso que invejei toda a gente, o que não percebo mas o certo é que é verdade.

Não é por ser corcunda que estou aqui sempre à janela, mas é que ainda por cima tenho uma espécie de reumatismo nas pernas e não me posso mexer, e assim estou como se fosse paralítica, o que é uma maçada para todos cá em casa e eu sinto ter que ser toda a gente a aturar-me e a ter que me aceitar que o senhor não imagina. Eu às vezes dá-me um desespero como se me pudesse atirar da janela abaixo, mas eu que figura teria a cair da janela? Até quem me visse cair ria e a janela é tão baixa que eu nem morreria, mas era ainda mais maçada para os outros, e estou a ver-me na rua como uma macaca, com as pernas à vela e a corcunda a sair pela blusa e toda a gente a querer ter pena mas a ter nojo ao mesmo tempo ou a rir se calhasse, porque a gente é como é e não como tinha vontade de ser.

(…)

- e enfim porque lhe estou eu a escrever se lhe não vou mandar esta carta?

O senhor que anda de um lado para o outro não sabe qual é o peso de a gente não ser ninguém. Eu estou à janela todo o dia e vejo toda a gente passar de um lado para o outro e ter um modo de vida e gozar e falar a esta e àquela, e parece que sou um vaso com uma planta murcha que ficou aqui à janela por tirar de lá.

O senhor não pode imaginar, porque é bonito e tem saúde o que é a gente ter nascido e não ser gente, e ver nos jornais o que as pessoas fazem, e uns são ministros e andam de um lado para o outro a visitar todas as terras, e outros estão na vida da sociedade e casam e têm baptizados e estão doentes e fazem-lhe operações os mesmos médicos, e outros partem para as suas casas aqui e ali, e outros roubam e outros queixam-se, e uns fazem grandes crimes e há artigos assinados por outros e retratos e anúncios com os nomes dos homens que vão comprar as modas ao estrangeiro, e tudo isto o senhor não imagina o que é para quem é um trapo como eu que ficou no parapeito da janela de limpar o sinal redondo dos vasos quando a pintura é fresca por causa da água.

Se o senhor soubesse isto tudo era capaz de vez em quando me dizer adeus da rua, e eu gostava de se lhe poder pedir isso, porque o senhor não imagina, eu talvez não vivesse mais, que pouco é o que tenho de viver, mas eu ia mais feliz lá para onde se vai se soubesse que o senhor me dava os bons dias por acaso.

A Margarida costureira diz que lhe falou uma vez, que lhe falou torto porque o senhor se meteu com ela na rua aqui ao lado, e essa vez é que eu senti inveja a valer, eu confesso porque não lhe quero mentir, senti inveja porque meter-se alguém connosco é a gente ser mulher, e eu não mulher nem homem, porque ninguém acha que eu sou nada a não ser uma espécie de gente que está para aqui a encher o vão da janela e a aborrecer tudo que me vêm, valha me Deus.

O António (é o mesmo nome que o seu, mas que diferença!) o António da oficina de automóveis disse uma vez a meu pai que toda a gente deve produzir qualquer coisa, que sem isso não há direito a viver, que quem não trabalha não come e não há direito a haver quem não trabalhe. E eu pensei que faço eu no mundo, que não faço nada senão estar à janela com toda a gente a mexer-se de um lado para o outro, sem ser paralítica, e tendo maneira de encontrar as pessoas de quem gosta, e depois poderia produzir à vontade o que fosse preciso porque tinha gosto para isso.

Adeus senhor António, eu não tenho senão dias de vida e escrevo esta carta só para a guardar no peito como se fosse uma carta que o senhor me escrevesse em vez de eu a escrever a si. Eu desejo que o senhor tenha todas as felicidades que possa desejar e que nunca saiba de mim para não rir porque eu sei que não posso esperar mais.
Eu amo o senhor com toda a minha alma e toda a minha vida. Aí tem e estou a chorar.

Maria José

mercredi 18 mai 2011

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vendredi 13 mai 2011

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Faithless - If loving you is wrong

dimanche 8 mai 2011

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vendredi 6 mai 2011

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Para ele.

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Man Ray

(Duplico a foto que vi na parede dele)

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I am silver and exact. I have no preconceptions.
Whatever I see, I swallow immediately.
Just as it is, unmisted by love or dislike
I am not cruel, only truthful –
The eye of a little god, four-cornered.
Most of the time I meditate on the opposite wall.
It is pink, with speckles. I have looked at it so long
I think it is a part of my heart. But it flickers.
Faces and darkness separate us over and over.

Now I am a lake. A woman bends over me.
Searching my reaches for what she really is.
Then she turns to those liars, the candles or the moon.
I see her back, and reflect it faithfully
She rewards me with tears and an agitation of hands.
I am important to her. She comes and goes.
Each morning it is her face that replaces the darkness.
In me she has drowned a young girl, and in me an old woman
Rises toward her day after day, like a terrible fish.

Mirror, Sylvia Plath

(Não gosto dela. Acho insossa, quero morrer. Mas esse aqui funcionou hoje, só porque tive que olhar no espelho. Deixa aí depois apago. Fico feliz, muito feliz que tenha ido. E logo. Tem gente de quem não gosto. E não gosto porque desenvolvo nojo das pessoas que gostam, e tudo por um jeito de olhar, um jeito de falar, uma tietagem que me revira o estômago. Pronto.)