mardi 19 juillet 2011

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C. ouve Tool na cozinha enquanto bate panelas e copos durante o preparo da janta. Aqui, da sala, enquanto aguardo deitada pela explosão de sabores com que certamente brindará minhas papilas, ouço seus pés tocando carinhosamente o mármore escuro, seus dedos deslizando pelos utensílios, intuo a gota de suor que escorrega sofregamente por sua testa e se deposita em suas sobrancelhas espessas e escuras. Definitivamente, há algo de mágico nos poucos minutos em que me dedico a esta observação cega de seus movimentos. É como todo o seu corpo projetasse uma imagem que se choca contra meu corpo com a violência do vulcão de nome impronunciável. Todo o seu ser é uma força da natureza, que modela e afeta o ambiente ao seu redor de forma devastadora.

O copo de vinho se esvazia e depois é enchido novamente, as notas continuam, as pernas se movem e sua vontade comanda os aparelhos eletrodomésticos. Eu, sozinha, sorrio e penso a respeito de quantas coisas ainda faremos juntos e de outras tantas que gostaria de dizer a ele neste exato momento. 

Fecho os olhos e sinto. Nada mais.

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