vendredi 29 avril 2011

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A única coisa boa de Immortel são as versões e alusões a Charles Baudelaire durante o filme. Ah, e os filmes mudos no museu também. Deixo tudo o que aparece de Baudê para a posteridade entre estes meus posts anônimos.

Remember the sign we saw, my soul
That beautiful, soft summer morning
Round a turning in the path
A disgusting carcass on a bed scattered with stones
Its legs in the air like a woman in need
Burning its wedding poisons
Like a fountain with its rhythmic sobs
I could hear it clearly with a long murmuring sound
But I touch my body in vain to find the wound
I am the vampire of my own heart
One of the great outcasts condemned to eternal laughter
Who can no longer smile

Ceaselessly by my side moves the Demon
He swims around me like impalpable air
I swallow and feel it burn my lungs
And fill them with eternal desire and guilt

Moreover, it matters not that we discuss it
Of your eyes, your green eyes
Lakes of my soul tremble and vice versa
My dreams in form of insanity
To soothe those bitter commotions
But all that it is not worth
Of prodigy of your saliva
It bites my soul, and it dizzies and
Swirls it down, remorselessly
Rolling it, fainting to the underworld

mardi 26 avril 2011

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Prezada C.,

Venho por meio desta informar que a expressão da qual a Senhora não se lembrava era "epítetos formulaicos" e que o bolo que deve preparar para o final de semana se chama Bolo Indiano. É favor procurar mais detalhes na internet sobre o segundo e regastar os do primeiro da gaveta que se encontra no segundo andar, corredor B, prateleira 1598745B, tomo 236598H.

Atenciosamente,

Seu cérebro 

lundi 25 avril 2011

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Esperando pelas flores para o aniversário, sou tomada por Gregório de Mattos. Mortal Loucura.

dimanche 24 avril 2011

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Isadora Duncan

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Vaslav Nijinsky

samedi 23 avril 2011

O Haver

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.

Vinícus de Moraes

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Leonora Carrington

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The Golem
Hugo Steiner-Prag

Tinha conhecido o golem por meio do Agente Mulder, mas assim que cheguei em Praga, já senti seus olhos se instalando sobre meu ser. Nunca mais me deixaram.

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Por una cabeza de un noble potrillo
que justo en la raya afloja al llegar
y que al regresar parece decir:
no olvides, hermano,
vos sabes, no hay que jugar...

- Carlos Gardel (acordei num mood trágico hoje, então já peguei o Carlos, que morreu num acidente de avião, em 1935. Viva, hermanos! Este ano, Buenos Aires.)

vendredi 22 avril 2011

L'enfant des parias...



Só a primeira parte, mas, ainda assim, vale todas.

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Tenho fantasmas e ecos que moram em lugares absurdos, que se escondem em minhas axilas, que se agarram aos meus pelos. São resíduos, outros nem tanto, que se anunciam quando desejam, que me visitam na hora oportuna, que me fazem grávida do espírito santo. Nunca consegui entender direito qual é a atração que meu corpo exerce, mas sei que é uma força constante que suga como um buraco negro, trazendo essas almas torturadas mais uma vez para o meu colo. E eu as aprecio, as nino, as engulo.

Enquanto isso, sento-me no sofá, passo creme nas mãos secas e penso sobre o futuro. Sobre tantas coisas que me aconteceram este ano e sobre como a vida melhora a cada segundo. Com um leve sorriso e uma aura de felicidade sobre minha cabeça. Mais nada.

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Egon Schiele

jeudi 21 avril 2011

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Grupo Corpo - Onqotô

lundi 18 avril 2011

Choro que nem criança... Choro de soluçar... Ah, sensibilidade do cacete.



Philip Glass - Glassworks

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I have loved to the point of madness; That which is called madness, That which to me, is the only sensible way to love.

Françoise Sagan

lundi 11 avril 2011

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Acho que tenho uma suposta vocação para a predição de futuros. Qualquer coisa, enviem carta, objetos pessoais, roupas, algo que envolva a pessoa amada e eu amarro esse relacionamento em uma semana. Também ofereço desencapetamento e serviços de exorcismo em geral. Sério. Sonhei com o terremoto no Japão.

dimanche 10 avril 2011

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I could spend my whole life prying loose the secrets of the insane. These people are honest to a fault, and their naivety has no peer but my own.

André Breton

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A maioria das coisas acontece enquanto estou dormindo. O que é uma pena. Pois o corpo poderia aproveitar muito mais. Ah, o corpo.

samedi 9 avril 2011

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Prezada Salomé,

Quero que saiba que entendo seus jogos. Entendo tudo o que você faz e não tenho o menor pudor em admiti-lo. Ultimamente, ou, há algum tempo, nada mais me liga direito a você, ainda assim, gosto de observar a forma com que você faz as coisas, a forma com que me chama de volta, só para que eu possa narrar a bela e elegante forma com que resisto aos seus encantos. A vida é assim, a gente aprende. Eu tenho uma mala cheia de destroços, portáteis, que carrego comigo onde quer que eu vá. São destroços e lembranças, coisas a esmo, que colho pelas esquinas. Aqui dentro, nessa malinha, tenho alguns cabelos seus e muito, muito sangue, que saiu de mim em diferentes épocas de minha vida. Mas, ainda assim, estão todos classificados, em seus potinhos, com datas, nomes e números, um caso pré-Dexter. 

Ultimamente, só escrevo em fragmentos, me perco entre minhas reticências. Tenho essa necessidade muda de me esconder por entre minhas folhas de papel. De uma hora para a outra, não tenho mais vontade de conversar com ninguém, não quero me mostrar, quero apenas permanecer dentro de minha concha, quieta, quente, segura. E não é nada patológico, não se preocupe, minha querida. É apenas um processo, uma certa maturação, ou amadurecimento, que me tomou de repente. Da mesma forma com que troquei aquele vinho tão famoso por Cabernets Sauvignons genéricos. Qualquer um que seja. E, oh, que ótima companhia que me fazem. Ultimamente também tenho uma queda por pequanas doses de whisky durante o dia. O que é uma coisa bem estranha, tendo em vista que nunca realmente gostei deste tipo de bebida. Deve ter sido a última viagem, vai saber. Novos ares sempre me trouxeram novos hábitos. O que eu acho bom, porque sempre me sinto renovada e com algum novo sonho, alguma nova coisa para fazer. Não sei explicar direito, ainda mais para uma pessoa como você, besta. Presa em alguma coisa que eu realmente não consigo entender.

E não quero agora, agora não. É domingo e vou me entupir de chá de erva-cidreira. Aproveitar a chuva. Esquentar os pés no edredon. Assistir televisão enorme. Ver filmes antigos. Tirar um cochilo no sofá grandão da sala. Fazer coisas mil até a hora de dormir de verdade. Porque daí, nessa hora, que é tudo acontece, quando o mundo está vivo realmente, porque tem alguém que me espera. Oh, lá em casa.

Um beijo carinhoso,

C. 

jeudi 7 avril 2011

10:15 on a Friday Night...

And the tap

drips

drips

drips...

mardi 5 avril 2011

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Detesto ler coisa mal escrita. Ainda mais por gente que pensa que escreve muito bem. Contos mal construídos, escolha errada de vocabulário. Acho que a inclusão social realmente fez com que as pessoas perdessem a noção. Recebo uns contos para serem apreciados e sinto a tendência ao suicídio ou ao assassinato se aproximando todos os dias, não tenho como evitar. Se ainda fosse algo do gênero Paulo Coelho, mas nem isso. É porcaria pura e simples.

Assim, hoje instituo o fato de que a palavra de ordem é SNAFU. E ainda vou colocá-la ali nos labels, porque ela explica muita coisa.

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Revanche can be easily reheated in the microwave of evil. 

Megamind

dimanche 3 avril 2011

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Será que vou gostar de Mildred Pierce? Enquanto espero por Boris e por Fernando, ela vai ficando. A primeira vez sempre é complicada. 

samedi 2 avril 2011

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Temo esse povo que ouve Roberta Miranda e tira fotos românticas no quintal, durante a tarde. Tenho medo, muito medo. Deve ser um sinal do final dos tempos.

vendredi 1 avril 2011

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Existem poucas coisas que me irritam neste mundão de deus. Uma delas é gente que fala "a" logo. Qual é a lógica?


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Conversa escutada ao acaso:
- Nossa, seus olhos são tão bonitos!
- Obrigada!
- Minha mãe tem os olhos azuis da cor do céu e o meu pai tem os olhos verdes. Só eu que nasci com os olhos escuros. Mas, mesmo assim, meus filhos vão ter uma grande possibilidade de nascer de olhos claros, né? 
- É mesmo.

Ali, naquele momento eu senti vontade de acabar com a paz de uma família, porque a genética não mente. Olhos claros são recessivos. Pai de olhos claros + mãe de olhos claros = filho de olhos claros.

Fiquei com dó. Só isso. Mas que deu uma coceira, deu sim.