samedi 10 octobre 2009

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Encontrei T. esses dias. Um dos Ts pelo menos, o mais antigo.

Foi um encontro há muito protelado, mas que deveria acontecer cedo ou tarde. Nos encontramos no centro, ficamos parados durante horas em uma fila, esperando que ele pudesse dar um jeito em uns documentos. Foram horas muito agradáveis, em que conversamos a respeito de muitas coisas a respeito do relacionamento dele com a mulher, nada que eu pudesse chamar de realmente contuntende ou comprometedor. Ainda assim, eu sabia. Eu conseguia sentir o corpo dele queimando e o sangue chamando o meu nome. Há tempos havíamos nos correspondido, falando a respeito de como a carne ainda se lembrava do gosto do outro, basicamente um canto do cisne, por assim dizer.

Tudo foi muito bem controlado, os corpos se comportaram de maneira desejada, um evitando o outro e o contato ao máximo possível. Creio eu que ambos sabíamos que a explosão era inevitável, mas havia a necessidade de se prorrogar a corte, a sensação de que nada aconteceria. Andamos durante um bom tempo, entre o pagamento de guias e voltas a guichês. Quando tudo havia sido resolvido, fomos almoçar. Naquele momento, ali, bem ali, eu percebi que era tarde demais, que não havia nada a ser feito. O toque de nossos dedos (que buscavam a colher de arroz) foi a derradeira sentença.

O céu escureceu e a cidade (pelo menos a parte em que nos encontrávamos) foi totalmente encharcada por uma chuva torrencial, que não poupou nada, nem muito menos meus pés. Naquela hora, amaldiçoei o momento em que escolhi aqueles tênis tão permeáveis, tão proporcionais à minha vontade naquele momento. Corremos por entre toldos e coberturas, tentando encontrar um lugar menos molhado (devido à nossa falta de guardas-chuvas). E foi ali, embaixo de um toldo vermelho na Liberdade em que me jogou contra a parede e me beijou pela primeira vez (depois de tantos anos).

A necessidade que eu sentia dentro de meu estômago era uma coisa palpável, era um desejo que eu havia guardado junto com os papéis de minha sentença de morte. O gosto do beijo e a forma com que as línguas se digladiavam estava muito apagado em minha memória, o que realmente me animava era a forma com que os corpos funcionavam e se aniquilavam um contra o outro, naquela época tão de antigamente, quando eu era uma pessoa tão diferente.

Entramos no Sebo e nos demos as mãos. Ali podíamos ser quem desejássemos, ainda que isso nos fizesse voltar a catorze anos atrás. Passeei atentamente pelos títulos, fiz sugestões, digressei sobre toda a prateleira dos (poucos) livros eróticos. Expliquei História de O, falei, falei, falei, até a hora em que te aceitei novamente. E entre as prateleiras e entre os montes de livros nós nos descobrimos novamente, ali, entre os corredores eu senti que nada mais era como havia sido um dia. O gosto era diferente, o jeito era diferente, os lábios não eram mais os mesmos, nem eu, nem ele. Os dedos exploraram minhas costas, na seção de Biografias senti-los entrar por minhas calças e mergulhar em minha buceta, sem nenhuma cerimônia, simplesmente escorregando e se instalando, investigando. De lá foram de volta à sua boca, molhados, provocativos.

Inventei uma desculpa e fui embora.

mercredi 16 septembre 2009

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E. está fazendo um bom trabalho ao cutucar minha alma da maneira correta. Gosto de começar a enxergar padrões e comportamentos que são originados disso ou daquilo ou que uso para me defender disso ou daquilo. De repente, essas conversas me dão uma sensação de conforto, porque fazem com que eu enxergue um pouco melhor quem eu sou, de onde vim, para onde vou. Não tenho esperança, não tenho a menor vontade de mudar nada do que seja, digo isso com relação à bigger picture, estou somente procurando entender o motivo do meu sofrimento, essa minha tendência ao mórbido. De onde vem, meu Deus, de onde vem?

dimanche 23 août 2009

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Às vezes a gente tem que parar de ficar procurando aqueles que não desejam nossa presença ou que brincam de esconde-esconde. Sou uma pessoa direta, se quero, quero, se não quero, não quero. Não minto, não invento histórias, sou o que todo mundo vê e ofereço tudo o que tenho. Mas não suporto joguinhos, mentiras, invencionices baratas. Se queres me conquistar, me ofereça o mundo que existe dentro de você e, se for mentir, que o faça muito bem, para que eu nunca descubra. Ou, caso eu descubra, pelo menos faça eu admirar essa mentira. Aí terás o meu coração para todo o sempre. Vilões são admiráveis, mas trapaceiros são execráveis.

lundi 17 août 2009

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Consulta com E.. Conversamos muito sobre vida amorosa e sobre sexo em geral. Não sei ainda se esta linha de análise é a melhor para mim, mas posso dizer que me sinto muito à vontade sentada naquela poltrona egg gigante e marrom, falando e falando e falando sobre as coisas que me vêm à mente ou me atormentam. Sei que ainda chegará a hora de todos os meus amores, todos os meus mortos, mas por enquanto estou bem, falando a respeito de conjecturas. Acho que a hora certa é quem me escolhe e não o oposto.

jeudi 13 août 2009

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Fumaria todos os cigarros do mundo contigo. Todos. Especialmente os Gitanes sem filtro.

jeudi 23 juillet 2009

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Breve encontro com D.. Ela é uma mulher delicada, morena, cabelos longos, que escorrem preguiçosos até abaixo do ombro. Seu olhar é demorado, sua boca, preguiçosa. Encontramo-nos em um bar e nos demoramos em conversas intelectuais, discutindo pintura e música. Gosto de sua companhia pois ela me estimula intelectualmente. Nossas mãos se encontraram sub-repticiamente, por baixo da mesa e dos olhares alheios. Ali, em nosso mundo de desejo, nada nos importunava, nem mesmo os marmanjos que cismavam em sentar em nossa mesa e puxar papo. Não, ali, entre nossos copos borbulhantes, éramos só nos duas. Champagne e toques velados. D. sempre soube como trazer minha delicadeza à tona, sempre fez com que eu montasse estratagemas rendados para que pudéssemos ter momentos perfeitos, de carne macia e trêmula, de segredos sussurrados em meio a lençóis de hotéis de segunda. Era uma lei, tudo entre nós sempre foi nostradâmico. Havia nossa dança, nossa corte, que muitas vezes se prorrogava por horas, sem qualquer toque mais despudorado, tudo era feito pretenciosamente de propósito, desde o decote, perfume, bebida, bar, até os olhares trocados com outras(os) durante a noite, as escapadas sorrateiras para o banheiro, enquanto fingíamos nos interessar por quaisquer outros corpos que pudessem estar disponíveis no momento, no exato momento em que decidiríamos brincar com o desejo uma da outra. E era um jogo muito sem vergonha, com regras entendidas somente por nós duas, que se revelavam entre sorrisos e olhares, por entre nossa respiração. Éramos as duas caça e caçadoras, sempre buscando uma fagulha, ou qualquer outro sinal que pudesse demonstrar a indecisão da parte alheia, ou o exato momento em que esse mesmo jogo era interrompido. E, nos momentos seguintes, nos momentos seguintes é que a vida se fazia.

jeudi 16 juillet 2009

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Hoje sou Justine.

jeudi 7 mai 2009

Chique

Eu sou uma mulher muito chique, fina, excêntrica e decadente e eu vou dizer porque:
  1. Eu tenho uma cartola e um chapéu côco que uso frequentemente pela casa ou quando mais me aprouver;
  2. Não tenho medo de usar um bigodinho falso se eu assim quiser;
  3. Eu uso meias 7/8 de seda, ou de nylon, daquelas dos anos 50 e não uso se não for dessas;
  4. Eu tenho sapatos lindos e tara por sapatos vermelhos;
  5. Eu fumo e faço com classe: piteira, cigarreira e isqueiro Zippo slim;
  6. Eu sei passar base sem parecer que passei reboco na cara;
  7. Eu ando com robe de seda pela casa;
  8. Eu gosto de bebidas difíceis de achar, como Pernot, Perroquet e Chartreuse. Na falha de tudo isso, serve um Dry Martini ou um Bloody Mary. Cerveja, nunca;
  9. Eu sei andar de saltos altos;
  10. Tenho fetiche sério por livros, discos, cadernos, canetas, sinetes, papel, cartas, tintas, envelopes, adesivos, cartões postais, mapas, lingerie e pistache. Não que envolva sexo. Mas, de repente, poderia. Não nego nada. Experimento tudo. :)


mercredi 11 mars 2009

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Adoro as interpretações do Barenboim
Beethoven - Sonata Pathetique, 2o. Movimento

vendredi 6 mars 2009

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Dolorine et les ombres, Jean de Bosschère

mardi 17 février 2009

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"Quem está aí para morrer?
Quem está aí para a travessia dos vastos oceanos?

Resíduos de luas quebradas. O mar, é tão tarde sobre o mar. E na mesma morte somos a lua e o mar. O zinabre das sílabas que, a pouco e pouco, corrói o pensamento.

(A janela aberta, o copo de cerveja, a noite - sempre a noite ecoando passos, vozes, silêncios.
A mão, a tua mão quase líquida cercando o sexo. A língua na humidade doutra língua. O corpo celebrando a vida doutro corpo.)

Estremece o ar, a caneta, a tinta, os astros e o receio de quem parte sem dizer adeus.
Quem chegará depois de ti?
Quem nunca esteve aqui? - no resplendor do plâncton, por baixo da pele...

Quem regressou? - nesta imagem que aprisionou o firmamento do teu rosto, e com o tempo se desfaz..."

Al Berto, Dispersos, Assírio & Alvim

mardi 10 février 2009

Atmosphere


mercredi 4 février 2009

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Hayv-Kahraman

lundi 26 janvier 2009

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Le labyrinthe, William Kurelek

mercredi 14 janvier 2009

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Alexander Surikov, ilustração para A Gentle Creature, de Dostoievsky

lundi 5 janvier 2009

Charlotte Sometimes