mardi 22 juillet 2008

I want to see people and I want to see life...


Take me out tonight
Where there's music and there's people
And they're young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore

Existe alguma coisa aqui dentro de mim, um germe, um verme maluco que cava, cava, cava e me deixa maluca a cada dia. É uma necessidade que se exprime das maneiras mais impossíveis, que se imprime nas faces das pessoas menos prováveis na rua. Sim, acho que devo ter algum desvio de caráter, alguma coisa muito má dentro de mim e que me propele à frente. O que será, meu deus, o que será essa fome, essa vontade de morder, esse ser que pede passagem e que nunca realmente ultrapassa as portas que sempre deixo abertas?

Que sina recebi ao nascer, que milagre me foi imposto à revelia? Por que ter essa gêmea siamesa dentro de minhas entranhas, esse simbionte que suga minhas forças por eu me recusar a sucumbir? Por que essa necessidade por tamanha loucura, por tamanha falta de limites, por que precisar de tudo ao mesmo tempo, por que ter que imaginar amigos, situações, vontades?

Não, não digo que tudo o que tenho é errado ou que o que tenho não me baste. Sou muito feliz com minha vida, com esse fogo que arde aqui em casa e que se mantém aceso pela eternidade. Mas há uma psicopata que mora dentro de mim. Uma pessoa que é atraída pelas luzes e pelos sonhos, pelas situações que nunca acontecerão. Que precisa do drama, que precisa se estraçalhar contra as rochas a todo o momento. Quer todos os sete pecados capitais sem tirar nem por. Sim, tenho um escosto de Oscar Wilde sobre os meus ombros. E sou profundamente feliz com isso.

vendredi 11 juillet 2008

...

Eu sento aqui, com meu caderno na mão e escrevo, escrevo, escrevo. Escrevo até os dedos sangrarem. Escrevo não porque queira desabafar alguma coisa, mas simplesmente porque é um chamado, uma vocação. Existe alguma coisa dentro do meu peito que teima em se expressar. Ainda não desisti da idéia da gêmea siamesa, que escreve para poder se vingar do mundo todo. Sim, escrevo uma prosa sofrida e extremamente existencialista, fluxo de pensamento, dor escorrida diretamente das entranhas. Não tenho como evitar essas coisas. E, o pior, é que sei que é bom. Não adianta ninguém me falar nada, sei que é bom. Só que também existe uma ponte que não consigo cruzar, que é aquela entre o caderno e o mundo, aquela que me diz que vou ter que expor essa alma em carne viva que se torna qualquer folha que me cai nas mãos. Oras. Sou Clarice, combino com o nome. Se não fosse dramática, quem mais seria? Não seria.