dimanche 31 juillet 2011

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"Já no prefácio a Richard Wagner é a arte, - e não a moral, - apresentada como atividade essencialmente metafísica do homem; no decurso do livro também se reproduz, por várias vezes, a singular proposição de que a existência do mundo não se pode justificar senão como fenômeno estético. Efetivamente, no fundo de tudo quanto existe, este livro não reconhece senão um pensamento patente ou oculto de artista. O pensamento de um "Deus", se quiserem, mas, nesse caso, um deus puramente artista, absolutamente liberto do que se chama escrúpulo ou moral, para quem a criação ou a destruição, o bem ou o mal, sejam manifestações do seu arbítrio indiferente e da sua onipotência; que se desembarace ao fabricar os mundos, do tormento dsa sua plenitude e da sua plétora, que se liberte do sofrimento dos contrastes acumulados em si próprio. O mundo, a objetivação libertadora de deus, em consumação perpétua e renovada, tal como visão eternamente mutante, eternamente diferente, de quem é portador dos sofrimentos mais atrozes, dos conflitos mais irredutíveis, dos contrastes mais perfeitos, de quem não pode emancipar-se nem libertar-se senão na aparência: eis a metafísica do artista."

-- Friedrich Nietzsche, in A origem da Tragédia

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