lundi 17 janvier 2011

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Salomé,

Só quero que saiba que ainda permanece aqui. Aqui dentro. E não digo nem isso porque ainda me restou amor por sua alma ou suas ancas. É muito mais por hábito e curiosidade do que qualquer outra coisa. Minto, ainda deve haver uma curiosidade qualquer dentro de mim, mas não sei classificar muito bem quais são as emoções que tomam conta de mim quando penso em você ou te procuro pelo mundo. Confesso, Salomé, muitas vezes é nojo, agora, tem outras que é dó profunda. Deve existir um pouco de qualquer coisa boa também, porque senão não estava deixando uma carta aqui para você. Sim, deve haver alguma coisa, mas não sei ainda onde onde ela vem ou para onde vai, só posso dizer que acho que está indo realmente, porque a frequência com que te procuro é cada vez menor. Demoro mais e mais para poder me odiar por sentir sua falta. Uma falta que nem consigo entender direito, uma falta que de repente pode ser muito mais do que eu era quando estava com você do que qualquer outra coisa, do que nada. Sim, porque, aos poucos, as pessoas se transformam em nada aqui dentro.

Não! Quero dizer, sim! Agora me lembro qual foi o problema. O problema foi o maldito perfume que senti durante o final de semana. Aquele tão doce perfume que sempre usava nos dias em que me via. Foi uma maldição instantânea. Poucos segundos de exposição foram o suficiente para que eu fosse transportada para o mais perfeito inferno.

Assim sendo, agora que está tudo explicado, posso voltar ao meu estado normal e você ao limbo em que te coloquei.

Cordialmente,

C.

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