Não fujo. Apenas me ocupo em outras paragens. Às vezes, as coisas tendem a atropelar o meu espírito, então me deixo, atônita, a olhar para os cantos e tentar prover algum sentido a uma realidade tão insólita. Eu ainda espero minha carona, espero ir parar bem ali, naquele lugar que sempre quis. E, por mais que eu não queira, alguns lugares são realmente o Peugeot, e me levam para onde eu desejo estar. Se não só lugares, mas olhares, cheiros, pequenos gestos. Mãos descansando sobre os canos do metrô. Pés embaixo das mesas. Pequenas coisas. E isso sim, isso sim, me faz viva.
Não ando me preocupando ultimamente com Salomé. Para o diabo com ela. Com ela e com toda aquela corja ordinária. Oh, grande pulha, comedora de cunhadas. Não me vejo mais nessa mesquinharia. O que me importa agora são os meus cartões postais e o meu quadro de cortiça. Também sinto falta das fotos que antes colocava aqui, dos meus ídolos, de minhas pequenas caronas durante o dia. Botei então Oscar Wilde, que é uma pequena salvação.
Sem mais.