Há alguma coisa que se manifesta em mim, um tipo de mudança surda que vem se mostrando aos poucos, como que nos reflexos do mármore do banheiro. Olho para o chão negro e vejo meu rosto, meus olhos e procuro atentamente onde ela reside, tento entender que linha de minha feição a anunciará. Pressinto que seja algo que vá me tornar outra mulher, biônica, super-potente, algo nunca antes visto em minha história. Ao mesmo tempo, meus pés tremem e meus joelhos se sentem fracos, como se essa mudança também fosse o prenúncio de minha derrota.
Os dias se arrastam lentos e aqui, nesse enorme apartamento, nada muda, tudo é o mesmo, eu e essa minha estranha gravidez psicológica de mudanças, de coisas assombrosas para salvar a minha vida. E minha gêmea siamesa, onde se esconde quando mais preciso?
Sem poder resolver nada, acendo um cigarro, ando descalça até a geladeira, pego algumas pedras de gelo e afogo minhas preocupações, um belo gole de Bombay Sapphire e um Marlboro.
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