
Não entendo qual é o problema, qual é a grande vergonha em se admitir que a vida muitas vezes é enfadonha. Não, não sou acometida de grandes vislumbres existenciais todos os dias. Existe aqueles que passam e somem da minha memória como se nem tivessem existido.
Minhas amigas se perdem em longas declamações apaixonadas e megalomaníacas a respeito de quem são. Muitas vezes me perco dentro dos monólogos labirínticos que se estendem por horas. São sempre epopéias que narram fatos míticos a respeito da grandeza de seus caráteres e da singularidade de seus feitos. Nunca há economia alguma quando necessitam fazer uso de adjetivos. Todos são sempre superlativos -- e nunca sintéticos, não. Quanto mais prolixas, melhor. Não se satisfazem com pouco, demandam horas de atenção. Todas sempre devotam atenção muito especial quando narrando suas vidas sexuais e os tamanhos de suas necessidades. Mudam o tom de voz e instantaneamente tornam-se ninfomaníacas insaciáveis. Tornam-se Salomés, Jezebéis e Messalinas lendárias. Seus amantes são formidáveis. Ninguém no mundo nunca se igualará nem às performances nem às habilidades dos mesmos. Não, são insuperáveis, escreveram o Kama Sutra. O êxtase que experimetam R-E-P-E-T-I-D-A-M-E-N-T-E é algo tão profundo e contundente, mas que é tão facilmente exprimível. O sexo ritual e trancedental para elas é tão incrível e tão banal, é uma experiência sagrada pela qual passam sem a menor cerimônia tantas vezes durante o dia. Sim, minhas amigas são deusas que permanecem em êxtase supremo e perene, são dignas de inveja.
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